Antes de tudo, claro, pode ler sem medo de spoiler, certo? Tirando raras exceções eu realmente acho que críticas simplesmente não devem ser resenhas (meio óbvio isso, né?).

O objetivo é dizer do que o livro trata, o tom, estilo, ritmo etc. para você saber se vai gostar de ler ou não.

Vamos lá: os dados técnicos do livro.

A editora é a Intrínseca, a autora é Becky Albertalli (psicóloga que trabalhou com adolescentes), a tradução é de Regiane Winarski (adoro o trabalho dela) e a edição de papel tem uma capa ótima. O único problema no meu exemplar são algumas falhas de impressão, letras apagadas tipo “t po”.

É uma história jovem adulto, ou seja, os personagens estão na faixa dos 16 anos, dirigem, pensam em relacionamentos e tudo o mais, no entanto, principalmente, estão em transformação e esse, ao meu ver, é o ponto central e que é trabalhado pela autora de um jeito que merece destaque.

Mas antes uma sinopse rápida: Simon e BlueGreen (um pseudônimo, claro) se comunicam por email sem um saber quem é o outro. Eles estão se apaixonando conforme conversam sobre assumir ou não que são gays. Ao redor disso estão os amigos, irmãs e um colega ou outro de escola do Simon. Nem ele nem BlueGreen contaram para absolutamente ninguém que são gays.

Antes que você desista do livro por ser mais um dramalhão de pessoas que não são aceitas em suas sociedades, pare! Não é nada disso e essa é a primeira qualidade do livro.

Ter 16 anos é ter que assumir uma infinidade de coisas, descobrir uma infinidade de coisas, uma delas é a nossa sexualidade. Por que temos que assumi-la mais do que, por exemplo, que passamos a tomar café?

Todos nós temos características que não queremos assumir simplesmente porque é cansativo ter que ficar fazendo um checklist de mudanças e definições que vão acontecendo conosco.

Então Simon vs. a Agenda Homo Sapiens é uma história leve ainda que tenha momentos tensos, mas esses momentos envolvem desafios muito reais da amizade e do amor.

Além disso os personagens tem uma textura psicológica muito realista e que parece abranger vários tipos que todos nós somos.

Tem uma característica interessante na apresentação da história: só aos poucos vamos percebendo características como idade, etinia, tipo físico de cada personagem. Tenho quase certeza que é proposital para jogar com nossos estereótipos pois certamente já teremos imaginado cabelos compridos ou curtos para determinada personagem com base em nossos preconceitos quando finalmente, e casualmente, ficamos sabendo como a autora imaginou aquela pessoa.

Quebrar estereótipos é uma missão muito bem vinda em livros modernos. Fico me perguntando se os preconceitos de outras pessoas são iguais aos meus ou se muitas já estão alguns passos à minha frente e esperaram pacientemente sem imaginar cada personagem até que são devidamente descritas.

No final das contas Simon vs. a Agenda Homo Sapiens é uma história sobre o amadurecimento dos sentimentos e amizades adolescentes em que calha dos dois na posição de protagonistas serem gays. Tem uma naturalidade muito agradável na forma da autora desenvolver isso.

A propósito, é o primeiro livro dela. Espero que ela crie muitos outros.

Ah! Em tempo: Esse livro chegou às minhas mãos através de uma corrente de livros que funciona assim… O amigo A chama amigos para entrar, o amigo B (no caso eu) adere comentando no post do amigo A. Então os amigos C, D e E de B (que sou eu no exemplo, tá acompanhando?) enviam um livro cada um para o amigo A. Depois o amigo B (que… Bem, vc jê sacou) recebe um livro de F, um de G e um de H, que s?o amigos de C, D ou E.

Acho essa explicação totalmente inútil e provavelmente incompreensível, mas achei que seria engraçado escrevê-la.

Além disso era necessário escrever para agradecer ao amigo ou amiga do amigo ou amiga que me enviou! Espero que você também receba livros ótimos!