Sobre o projeto

Esse é o nono conto do projeto #UmSábadoUmConto (Post explicando o projeto)

Durante a semana as pessoas votam em estilo, gênero, público e época. O autor (eu) só pode saber o resultado às 8h de sábado e tem até meio dia para terminar o conto.

Cada conto é escrito com um processo criativo diferente (veja no final).

O que você vê a seguir é o conto com a mínima revisão. Você pode ler sem revisão no Google Docs.

O Conto

O telefone do Carlos toca de um jeito meio assustado, como quem grita “ME ATENDE! ME ATENDE!!”.

São oito e meia e Carlos está entrando em seu escritório, mas o expediente só começa às 9h. Normalmente ele nem atende o telefone antes disso, mas dessa vez o toque está assustado. Carlos não sabe por que acha isso, o toque é sempre o mesmo, mas é que o seu coração deu uns pulos no peito.

– Carlos e associados, investigação particular, quem fala? – Não tem associados, ele sempre diz isso para parecer que seu negócio é muito maior do que é de verdade.

A voz do outro lado é estranha e Carlos demora alguns segundos para notar que é a voz do Google! Alguém quer mesmo se manter incógnito. Não dá nem para saber se é um homem ou uma mulher do outro lado.

– Preste atenção. Anote. Vou esperar você pegar papel e caneta. Renata da Costa, Escola Federal Antônio Videira. Lembre-se de Juan Ramirez.

Carlos começou a suar frio! Esse foi o nome que ele usou em um dos seus casos mais difíceis e secretos. Não era para ninguém saber que ele era o Juan Ramirez ou nem mesmo que tinha algo a ver com ele.

“Só me resta investigar essa Renata da Costa na Escola Federal Antônio Videira” é o que ele pensa enquanto troca a mensagem da secretária eletrônica para “Todos nossos agentes estão em campo nesse momento, por favor, deixe seu recado após o bipe ou use o formulário de contato do nosso site”.

No caminho para a Escola Federal Antônio Videira Carlos quase bate em um carro que dá uma freada brusca dentro do túnel que leva de Copacabana ao shopping Rio Sul. Dentro do carro um homem de óculos suava e olhava para um grande grafite na parede do túnel.

O grafite bem feito retratava um homem em tons de preto e cinza arremessando uma lata colorida de água tônica. Parecia uma obra de Banksy que Carlos já tinha visto.

No caminho ele vê vários outros grafites iguais, pelo jeito alguém andou ocupado à noite, deve ser alguma campanha publicitária.

Ao chegar na escola ele se identifica como Carlos da Costa e diz que sua bisavó está fazendo 101 anos e a família decidiu buscar todos os parentes para festejar e ele desconfia que Renata da Costa pode ser uma prima em vários graus e perguntou se poderia falar com ela.

– Ela é nossa professora de química, uma moça de 27 anos. Acho que a família dela vem do sul do país. Ela só estará aqui perto da hora do almoço pois terá turmas somente à tarde.

Carlos agradece a informação e diz que voltará em uma hora e se dirigiu à saída da escola, mas uma gaivota de papel acerta sua testa. Nas asas tem uma palavra recortada de uma revista: “abra” e dentro tem um mapa da escola com uma marca de pilot vermelho em uma pequena sala.

As proporções do mapa não são perfeitas, mas Carlos logo acha a pequena sala, uma dispensa. Vassouras, produtos de limpeza, prateleiras com pacotes de papel toalha e embalagens de sabão líquido para repor nos banheiros, mas uma coisa destoa: um origami de papel verde brilhoso colocado no chão.

Quando se abaixa para pegar Carlos percebe que tem uma seta desenhada na poeira do chão e, ao segui-la encontra uma micro geladeira, dessas em que só cabem umas duas latas de refrigerante. Dentro dela tem duas latas de água tônica idênticas às dos grafites que ele viu no caminho. O que significava isso?

Segurando cuidadosamente as latas com uma luva de látex para não deixar impressões digitais (e não borrar as que talvez estejam nas latas)  ele as balança e nota que uma delas é pesada, mas não tem líquido. Olhando melhor ele percebe que a tampa de alumínio está solta e se abre.

Dentro da lata tem um tipo de espuma sintética e um espaço vazio onde poderia estar um tubo de ensaio, mas agora estava vazio.

Carlos decide deixar tudo como está, tira fotos, procura por sinais de impressões digitais, mas nada… No entanto alguém o levou até ali e a professora Renata da Costa teria que ter algo a ver com isso.

Ele sai sorrateiramente da dispensa prestando atenção para ver se ninguém está olhando e logo em seguida se dirige para o bar em frente à escola onde começa a colher informações sobre a movimentação ali. Coisas como quem entra e sai tarde da noite por exemplo.

– Ele entrou na dispensa? Será que ele viu? – Jaque tem a voz aguda e os cabelos bem negros e encaracolados parecendo uma nuvem ao redor do seu rosto. Não deve ter mais de nove anos.

– Claro que viu! Ele demorou um tempo e saiu com o origami na mão. 

– Tem certeza Pedro Ângelo? – A Jaque fazia questão de chamar o Pedro pelo nome inteiro, dizia que não tem muitos anjos no mundo.

Pedro Ângelo estuda naquela escola, foi ele que achou a geladeira na dispensa, mas essa parte da história vai ficar para mais tarde pois agora temos que prestar atenção na Jaque que não estuda ali e sim no Pavãozinho, ao lado do Pavão que é onde ela mora.

Apesar de ter uns nove anos é a que tem mais mobilidade dos três amigos, sim, temos um terceiro herói nessa história, mas Jorge também vai esperar um pouco para ser apresentado.

Jaque cresceu, quer dizer, está crescendo entre o asfalto e a comunidade. Estuda de tarde e ajuda os pais durante a manhã, mas tem dias que fica livre e sai explorando a cidade de skate atrás de pequenos insetos e plantas. Ela adora biologia.

– Seria tudo bem mais fácil se a gente tivesse celulares… Ser criança não é fácil… Vai lá avisar o Jorge, Jaque! Eu fico de olho aqui!

Jaque dispara em seu skate descendo pela ladeira em direção à pista onde o pessoal pratica em frente ao Rio Sul, Jorge estará lá com sua mãe, eles terão que ter cuidado ao conversar.

Jorge é crucial para essa trama que se desenvolve, mas temos que prestar atenção no Pedro Ângelo agora. Ele fica com a incumbência de vigiar Carlos, o espião deles. Ele precisa descobrir o que ele descobrir sem que Carlos perceba.

Sim, foi o PA, esse ficou sendo o nome código dele no grupo de três amigos para quando tivessem que falar em código, bem foi ele que ligou para Carlos mais cedo usando um computador do laboratório de informática.

A ligação tinha que ser feita agora pois ele estava justamente na primeira aula da professora Renata Costa e poderia se aproximar com a desculpa de falar do trabalho de casa e ficar por perto enquanto ela conversasse com Carlos. Ninguém presta atenção em crianças, é como se elas tivessem esse super-poder de invisibilidade.

– Professora, professora Renata da Costa? Com licença, sou Carlos da Costa… 

Pedro Ângelo ficou por perto escutando, viu como Carlos convidou sua professora para tomar uma água tônica para ver sua reação e ela realmente ficou bem nervosa. Eles estavam certos!

Na noite anterior ele teve que esperar até mais tarde para seu pai ir pegá-lo no colégio e foi quando ele viu o professor Bruno e um amigo conversando em um canto escuro do pátio e, atrás de uma árvore, uma silhueta que ele não conseguia identificar, mas assim que o professor e o amigo foram embora ele viu que a pessoa atrás da árvore foi pelas sombras para dentro da escola.

Com os joelhos tremendo ele a seguiu de longe e acabou reconhecendo sua professora e a viu entrar na dispensa. Depois que ela saiu, e sempre mantendo um olho no portão para ver se seu pai tinha chegado, ele correu até a dispensa e achou a geladeira, mas o que significaria aquilo? Eles só sabiam que o professor Guilherme, seu amigo e a professora Renata estavam envolvidos. Ele precisava investigar!

É aí que temos que conhecer o Jorge.

Jorge é filho do investigador Carlos e conhece o Pedro Ângelo da escola de futebol aos sábados. Por sorte eles moram perto e conseguiram conversar sobre o ocorrido e fazer o plano. Eles se encontraram no parque onde a Jaque, amiga antiga deles, estava praticando skate, ela dizia que praticar de noite deixava os olhos mais espertos, mas a verdade é que ela era ainda melhor no skate do que o Jorge porque ela parecia já ter nascido com eles colados nos pés!

Os três arquitetaram ali o plano para descobrir o mistério da microgeladeira, esse foi o nome que eles deram ao seu primeiro caso.

Depois que o pai do Jorge se encontrou com a professora Renata o dia virou uma avalanche! O tempo era curto!

Jorge não podia ser visto pelo pai, PA não poderia ser visto em lugares inesperados pelos professores Bruno ou Renata então o papel da Jaque seria o de agente secreta e ela era a mais preparada para lidar com o problema pois, assim que eles contaram para ela o que tinha na geladeira foi ela que soube dizer o que estava acontecendo: vírus!

Jaque adora biologia, como você já sabe, e passa um bom tempo assistindo documentários sobre isso no YouTube, muitos deles falando sobre como guardar vírus, o que são e para que servem.

Além disso foi ela que viu uma pessoa fazendo os grafites do homem com a lata de água tônica e disse que a pessoa andava numa bicicleta vinho, exatamente como a professora Renata.

No entanto ainda faltava ligar os pontos do professor Bruno e seu amigo.

É nesse momento que entra o homem em quem o pai do Jorge quase bateu no túnel: O pesquisador Guilherme.

Pedro Ângelo vê aquilo com o queixo caído! Ele reconhece imediatamente o homem. A Jaque já está longe indo encontrar com o Jorge então ele tem que fazer o pai do Jorge perceber o homem, mas como?

Antes de ter qualquer ideia ele vê que não será necessário pois Carlos, como bom detetive, nunca esquece um rosto e ele estava olhando intrigado para o homem que saía do carro e parecia em dúvida se seguia para a escola ou não.

De repente Pedro Ângelo percebe que Carlos de alguma forma reconheceu o homem (“como o pai do Jorge é bom detetive” ele pensa)  pois passou a olhar fixamente para o homem que agora pegava um celular e ligava. PA correu para dentro da escola para ver se o professor Bruno ia atender e foi o que aconteceu! Dava para escutar.

– Grafite, Guilherme? Não faz sentido… Como? Quem? Vou ver agora! Tô indo! Tô indo! Você está na frente da escola? Tá maluco? Sai daí! Tô chegando lá!

Pedro Ângelo vê como o professor sai transtornado da pequena dispensa olhando para os lados para ver se não está sendo vigiado, mas o PA está bem escondido atrás de um bebedouro.

– É terrível… Alguém pegou, Guilherme… Nem quero imaginar o mal que pode ser feito com aquilo! Você tem certeza que não tem como fazer uma vacina?

Pedro anotava tudo num pequeno bloco que tinha no bolso. Vacina, Bruno = bom, Renata = ??

Pedro Ângelo sabe que eles precisam do pai do Jorge, mas como avisar das suas descobertas para os amigos?

Ele corre novamente para o portão da escola e vê que o homem que deve se chamar Guilherme está indo embora e que o pai do Jorge segue logo atrás em seu carro.

O laboratório de informática! O Jorge está com a mãe e ela tem um celular.

Suando mais de nervoso que por estar correndo, PA chega ao laboratório e consegue mandar uma mensagem para a tia Marta, a mãe do Jorge.

“Tia Marta, o Jorge tá com a senhora? Pergunta a ele se ele lembra do Bruno que eu falei ontem, eu lembrei quem é o amigo dele”

A resposta não demorou a vir. Jorge deve ter usado de muita lábia com a mãe porque a mensagem o chamava de PA e assinava FC que eram os códigos secretos deles (FC era de futebol clube porque eles se conheceram no clube de futebol) o que significava que era o próprio Jorge que estava escrevendo.

“Nosso agente já está na cola do Guilherme que era o amigo do Bruno ontem. Eles não são maus – apaga essa mensagem e deixa só a outra!”

“O amigo do Bruno se chama Guilherme, ele quer fazer parte do time na defesa, vai pensando aí”

Quando a tia Marta pegou o celular de volta viu só a última mensagem.

A essa altura Jaque já estava chegando na pista de skate e se encontrando com o Jorge.

Os dois sentam na grade e conversam enquanto a tia Marta compra pipocas.

– Jaque, meu pai tá seguindo o amigo do professor do Pedro, parece que eles são legais, não deu para ele me contar muito pelo celular da minha mãe, mas isso quer dizer que a professora Renata não deve ser boa coisa… Mas ela deve estar voltando para casa correndo agora que o meu pai foi lá falar com ela. Você tá pronta?

Jaque está ofegante da corrida de skate até ali, mas confirma com a cabeça. Ela viu para que direção a professora grafiteira tinha ido ontem e se posiciona no caminho para segui-la, ainda bem que ela anda de bicicleta.

A Jaque quase a perde de vista, mas vê quando ela entra num prédio. Deve ser onde ela mora ou onde ela escondeu o vírus roubado do Guilherme e do Bruno, mas de onde esses dois teriam tirado o vírus? Se eles eram bons porque não entregaram o vírus para a polícia?

Quando a professora sai do prédio está com uma bolsa térmica que coloca na cesta da bicicleta. Por sorte ela continua de bicicleta então a Jaque poderá continuar a segui-la enquanto o pai do Jorge descobre quem é o Guilherme.

A professora segue muito mais devagar agora, talvez com medo da sua carga, talvez por estar mais tranquila agora que a está levando para outro lugar.

Ela para em uma praça com sombra e usa o celular. Jaque percebe que tem que avisar alguém. Um orelhão! Tem um orelhão perto.

– O laboratório de informática, por favor? – Jaque tenta engrossar a voz ao máximo, fica mais engraçado que convincente, mas por sorte as pessoas tem medo de falar da voz estranha dos outros – Sou a prima do Pedro Ângelo, preciso dar um recado do pai dele.

Por sorte eles tinham anotado os telefones mais importantes uns dos outros e tinha um ramal no laboratório de informática do Pedro onde ele ficaria fazendo o papel de ligação da “equipe”.

– Pedro, é a Jaque! A hiena pegou a andorinha e veio para o parque perto do arpoador.

– Hein??? Fala direito Jaque, quer dizer, prima, é… não te ouvi direito – e cochichando – que hiena é essa?

– Linguagem de espiã PA!! A professora pegou o negócio e veio para cá. Ela tá ligando para alguém do celular! Você precisa avisar o pai do Jorge!

Como tem outras pessoas no laboratório de informática só resta ao Pedro Ângelo mandar mensagem de texto. Ele olha à volta e percebe que não tem outro jeito:

– Professora, posso usar seu celular para mandar um torpedo pra minha mãe?

E é do telefone da professora que o pai do Jorge recebe a mensagem “Renata está entregando a encomenda na praça do arpoador”.

Mais tarde vão descobrir que foi ele que mandou a mensagem e eles terão muito a explicar, mas depois ele pensa nisso. Um vírus não pode ficar solto pelo mundo!

Ele manda por internet uma mensagem também para a mãe do Jorge “Tia Marta, diz para Jorge que a Jaque me avisou que as rodinhas novas pra o skate estão com ela na praça do arpoador?”

Pedro Ângelo só fica sabendo do desenrolar dos fatos mais tarde pelos amigos na pista de skate.

Jorge e sua mãe são os primeiros a chegar e encontrar a Jaque. A mãe dele é muito legal e vai comprar um lanche para os três.

Logo em seguida chega o Carlos com um outro homem que o Jorge e a Jaque não conhecem, mas o Pedro Ângelo reconheceria.

Na praça tem ainda três ou quatro pessoas caminhando, um jovem, um homem com uns sessenta anos e uma mulher de uns trinta.

Quando a professora Renata vê o Carlos e o homem com ele ela tenta correr para a bicicleta enquanto Jorge e Jaque olham curiosos.

O jovem, o homem mais velho e a mulher então levantam uma das mãos com um distintivo e mostram suas armas na cintura com a outra mão: “Todo mundo no chão! Polícia Federal!”

A tia Marta praticamente joga o lanche no chão e abraça Jaque e Jorge e se esconde com eles atrás de uma árvore, mas reconhece o marido no meio da praça se deitando e dizendo que é investigador privado “posso explicar tudo” ele diz bem alto e claro.

Por via das dúvidas a polícia algema todos, menos o Carlos, claro, mas ficam de olho nele.

A tia Marta, como boa promotora pública, não poderia ficar de fora: ela se aproxima do grupo deixando Jaque e Jorge atrás da árvore. “Promotora pública Marta, esse homem é meu marido. O que está havendo?”

É claro que as duas crianças dão um jeito de ouvir a conversa.

O homem estranho é o primeiro a falar.

– Sou Guilherme dos Santos, estudo vírus para uma grande farmacêutica e descobri que um colega de trabalho pretendia roubar uma cultura de vírus perigosa e vender para alguém. Eu a tirei do laboratório e escondi com um amigo pois não sabia em quem podia confiar.

A professora interrompe subitamente.

– Como? Eu ouvi você e o professor Bruno, sou professora de química, conversando sobre esconder vírus e o segui enquanto ele escondia na dispensa. Foi uma loucura escondê-lo em uma escola! Eu tinha que tirar de lá e tinha certeza que vocês só poderiam ser algum tipo de criminosos! Aliás, é o que continuo achando!

A mulher de seus trinta anos pega um rádio e transmite para alguém “Professor Bruno, localizem e apreendam”.

Mais tarde o Jorge contaria tudo para os amigos: seu pai nunca revelou de onde recebeu as mensagens, mas o levou para o escritório dele e disse que era óbvio que ele, Jorge, estava envolvido e Jorge contou tudo, afinal seu pai era seu herói também.

Foi assim que os três ficaram sabendo da história, que realmente Guilherme e Bruno estavam tentando evitar que uma organização criminosa pegasse o vírus e a professora Renata, bem mais sensata que eles tinha tirado o vírus da escola com a melhor das intenções e foi ela que chamou a Polícia Federal quando se viu pressionada. Ela também fez os grafites para os criminosos ficarem nervosos fazerem alguma besteira se entregando.

Graças à ação dos três a polícia pode fazer, junto com o pai do Jorge, uma operação que desbaratou uma grande organização criminosa.

Fim??

Comentários

Pois é… Histórias mais épicas ou matrioscas como essa não são adequada para escrever em menos de quatro horas. Meu plano para ela era bem diferente, mas logo notei que não daria tempo.

Em todo caso acho que boa parte desse projeto está em compartilhar o processo criativo e deixar pelo menos um rascunho do conto que pode ser desenvolvido depois.

No futuro talvez eu faça isso mostrando as três etapas: o processo criativo, o primeiro rascunho e o conto finalizado totalmente diferente.

O Processo Criativo

Vamos ver o resultado da votação da semana…

Aventura, presente, realista e adulto e infantil empataram.

Tema

Votos

Público

Votos

Gênero

Votos

Época

Votos

Terror

1

Infantil

3

Scifi

2

Passado

1

Romance

2

Jovem

1

Fantasia

1

Presente

4

Aventura

3

Adulto

3

Realista

4

Futuro

2

Suspense

1

      

Essa semana só tivemos uma sugestão: espionagem, mas vamos ver a votação…

Tivemos um pedido também, colocar um personagem Pedro Ângelo.

Nas semanas anteriores tivemos sugestões como:

  • Tricô
  • Beattles,
  • Steampunk
  • Pós-apocalíptico
  • Internet das coisas…

Mas tô pensando em fazer um lance diferente com o campo de sugestão para ter mais gente votando (quanto mais gente votando, mais imprevisível o que terei que escrever): Vou ter que dar o meu jeito de inserir a sugestão de quem indicar a votação para mais gente.

Mas eu não devia estar aqui enrolando, já comecei atrasado hoje.

Bem, primeiro o desempate entre Adulto e Infantil. Vai ser fácil: nunca teve infantil e o Pedro Ângelo é um infante :-) Será infantil, mas continuem votando em adulto porque tenho ideias para ele (vi que ando pegando muito leve no adulto).

Como pediram espionagem também e essa semana finalmente eu vi Dois Coelhos (o filme brasileiro) que me deu mais uma ideia de processo criativo, que vou chamar de matriosca, essa será a minha estratégia.

O processo matriosca é o que parece mesmo: a gente pensa na história e vai colocando camadas sobre ela para esconder o mistério e cada camada vai nos dando ideia para a próxima.

Assistir isso ao vivo pode acabar tirando o prazer de ler o conto então sugiro que você só acompanhe ao vivo se não se incomodar com isso, ok?

Ficamos então com uma aventura de espionagem, infantil, realista e no presente.

Vai ser bem divertido fazer isso em um universo realista e ao mesmo tempo infantil e de aventura. Pelo menos a espionagem ajuda :-)

Vou fazer no Brasil também. Até facilita um pouco já que estou meio atrasado. São [8h34].

Tem um quadro do Banksy do meu lado e isso acabou me fazendo pensar em grafites políticos que apareçam de repente pela cidade… Rio de Janeiro já que moro aqui e vai ficar mais fácil lidar com a geografia dela.

Mas qual é a espionagem? Não pode ser descobrir quem é o Banksy brasileiro, muito óbvio. E não posso esquecer da aventura…

Para construir uma história matriosca o melhor é começar de dentro. Do final da trama…

[8h38] Pensando…. [8h40] isso foi rápido!

O protagonista é um detetive que vai esbarrar numa trama de espionagem que parece política, mas é industrial. O filho dele… A filha? Humm… O filho e os amigos do filho… Não, muito personagem demanda muito tempo para escrever. Não daria tempo. Vai ser só o detetive Carlos, seu filho Jorge e o melhor amigo do filho que se chama Pedro Ângelo.

Na verdade os dois jovens é que serão chave na trama porque eles não tem a imaginação limitada pelas possibilidades.

Nível um da matriosca

Um pesquisador da indústria farmacêutica rouba um frasco contendo um vírus desenvolvido em laboratório para impedir que ele seja roubado por um colega que pretende vendê-lo para um grupo que quer usar como arma biológica. Um grupo de terroristas (meio lugar comum, eu sei, vou tentar melhorar isso).

Nível dois

O pesquisador (Guilherme) coloca uma pequena geladeira portátil (dessas para duas ou 4 latas de refrigerante) ligada na tomada dentro de uma dispensa no colégio do Jorge e do Pedro Ângelo. Ele tem um primo ou um amigo (Bruno) de infância com quem não fala há anos, mas confia plenamente que trabalha lá como professor e vai lhe dar cobertura. O vírus está dentro de um frasco acondicionado dentro de uma lata de refrigerante recheada de espuma sintética para mantê-lo gelado.

Nível três

Jaque (Jaqueline) é amiga dos meninos, anda de skate com Jorge e Pedro Ângelo na pista em frente ao Rio Sul onde eles vão de bicicleta. Ela mora no Pavão e os dois meninos pedirão a ajuda dela.

Nível quatro

(vai dar tempo de escrever isso? Corre Roney! Corre!! Hehehehe! Cara, tenho que fechar a trama com no máximo mais dois níveis contando com esse.)

O policial corrupto que vê o pesquisador Guilherme entrar na escola? Não… Muito óbvio. Uma colega de trabalho do professor Bruno (o amigo do pesquisador Guilherme) que vê a movimentação estranha e rouba a lata de refrigerante colocando outra parecida (mesmo peso e sem líquido) no lugar.

Como ela faz para dar alguma utilidade para aquilo? Hummm… [9h00] Pensando [9h02] Duh! Tão óbvio! Ela desconfia que a coisa é grande e decide chantagear o Bruno, mas é claro que não pode fazer diretamente. Por isso ela se veste com uma roupa preta apertada para não perceberem que ela é mulher e boné para fazer grafites que parecem políticos, mas darão pista ao Bruno e ao Guilherme que alguém sabe do vírus.

Ela começa a fazer os grafites bem em frente à casa do Bruno e nas vias por onde ele sempre passa. Os grafites mostram pessoas doentes e um homem arremessando uma lata de refrigerante que brilha estranhamente.

Ela se chama Renata da Costa.

Nível Cinco

Esse tem que fechar tudo, tem que ser o ponto de ligação das crianças com o caso. [9h08] Pensando…[9h10] Pensei em alguém do laboratório, o Guilherme ou o Bruno chamarem o Carlos para o caso, mas ficaria muito forçado o filho dele e o amigo estudarem na mesma escola, estou achando que o Carlos perdeu o protagonismo conforme fui desenvolvendo a ideia. São os amigos Jorge e Pedro Ângelo que colocarão Carlos no caso de forma indireta ao verem que algo está acontecendo na escola deles.

Agora preciso pensar de verdade antes de começar a escrever, tentar bolar como essas pontas vão se ligar… Vou aproveitar e comer uma fruta e tomar um café enquanto penso. Já volto… [9h14]

[9h31] A dificuldade está em criar uma trama que se desenrole aos poucos para quem está lendo e centrada nas crianças, demorei esses 17 minutos para me tocar que elas tem que procurar os adultos e engendrá-los no plano deles para resolver o problema. É claro que os três se organizam de uma forma que o adulto não conheça a criança que vai falar com ele. Esse é um dos papéis da Jaque, ela também será a especialista em biotecnologia do grupo por gostar de ver documentários sobre isso no YouTube. O plano deles é feito em conjunto, acho que essa geração é mais “em conjunto” que as anteriores, não tem tanto grandes heróis, a força do grupo está em sua capacidade coletiva. Mas é claro que cada um deve ter um talento especial. Vejamos… É infantil, né? Jorge é o às do skate (mas não tanto quanto a Jaque) e sabe ser convincente, Pedro Ângelo é bom no futebol e sabe quando uma pessoa está falando a verdade.

O plano todo é deles e os adultos são peões no tabuleiro das três crianças, mas não podem ser aqueles adultos retardados de várias histórias de criança, isso também é muito lugar comum e nunca gostei, parece que as crianças é que são retardadas.

Tem um desafio extra aí pq, a rigor, o grupo teria que ter uns oito ou nove anos no máximo, acho que vou amadurecê-los um pouco, mas eu sempre prefiro tratar o jovem como se fosse um pouco mais maduro do que a gente espera daquela idade de acordo com os nossos pré conceitos.

Acho que vou apresentar a trama já escrevendo o conto. Depois vejo no hangout (se tudo der certo por volta de 12h15) se comento mais sobre a criação da trama em si.

O Hangout

Como tem sido a experiência?

Intensa :-)

Tenho duas tendências criativas: histórias muito curtas, crônicas que descrevem uma única cena ou histórias muito longas que cobrem longos períodos de tempo e muitos personagens.

Escrever um conto em apenas quatro horas então é um desafio para mim pois não pode ser uma crônica que em escreveria em pouco mais de uma hora e nem algo que pediria alguns dias de trabalho.

Então estou tendo que aprender a controlar o fluxo das ideias, não chega a ser uma castração da criatividade porque as histórias continuam vindo, eu só vou tentando medir o quanto vou demorar para construir cada parte e vou guardando para desenvolver caso volte ao conto no futuro (coisa que pretendo fazer com alguns deles).

Teve algumas vezes nos oito contos que acabei tendo que escrever por cinco horas para terminar. Espero estar disciplinado para não fazer mais isso e conseguir fechar ao meio dia.