Os EUA são uma espécie de Amazônia da economia global: ao abrigar a maior parte das empresas produtoras e manter o maior mercado consumidor ele é o principal responsável pelo equilíbrio do ecossistema do capitalismo.

Sob o glamour da enorme nação estão suas verdadeiras células vitais: cada indivíduo e suas expectativas para o presente e para o futuro.

Conhecer a alma dos estadunidenses é vital para compreender os rumos estamos prestes a seguir, não importa sob que cultura tenhamos nascido e crescido.

Em Fundação, Isaac Asimov sonha com uma equação capaz de decifrar toda a mecânica do universo e assim prever os caminhos que seguiremos coletivamente, ainda não possuímos essa tecnologia, supondo que ela seja possível..

O que podemos fazer nesse momento talvez seja o que Rodrigo Alvarez fez: contar com os desígnios caprichosos do destino e atravessar os EUA encontrando com pessoas comuns na esperança de, no final da jornada, ter capturado fragmentos suficientes da alma daquele povo para enxergar a alma coletiva.

Ao falar isso me lembro da busca da Dra. Aki Ross em Final Fantasy. É curioso como realmente pequenos fragmentos de significado costumam se esconder nos lugares mais inesperados.

Pois creio que Rodrigo Alvarez conseguiu, ou pelo menos chegou muito perto.

Foi um prazer acompanhar sua jornada entre radicais de direita, de esquerda, pessoas moderadamente sensatas, fundamentalistas dessa ou daquela religião e outros religiosos nada fundamentalistas contrariando o estereótipo que lhes tem sido atribuídos.

Encontrei a chave do livro na página 169, mas ela só funciona depois de termos acompanhado a jornada até ali.

Seja uma chave ou uma esperança do autor o fato é que o livro termina com uma constatação ou pelo menos uma indicação de caminhos a seguir para um outro mundo possível e melhor.

Quanto a mim creio que já está na hora de deixarmos de disputar grãos de terra com nossos irmãos, já basta de copiar a maldição de Caim e Abel. Está na hora de trabalharmos juntos para garantir a continuação da nossa história tão vulnerável a fenômenos naturais.