Hoje é aniversário de Monteiro Lobato e o Fio de Ariadne propôs uma blogagem coletiva sobre quem foi o autor que nos introduziu ao prazer da leitura.

Eu era criança na década de 70 e naturalmente li toda a obra de Monteiro Lobato e adoraria dizer que foi através dele que aprendi a gostar de ler. Não foi.

A primeira coisa que eu lembro, e é uma daquelas memórias que transita pelo terreno nebuloso entre lembrança e imaginação, é um livro de pano.

Talvez seja algo que me contaram e penso que me lembro, mas o que importa é que tenho a memória nítida de algo de pano resistente que eu manuseava com encantamento. Imagens coladas que eu podia levar para o banho e manusear à vontade ao contrário dos livros de papel que meus pais folheavam.

Depois vieram os quadrinhos. Tio Patinhas, Professor Pardal e Pato Donald. Foi com eles que aprendi a ler. Minha mãe lia as revistinhas para mim e assim fui aprendendo a ler. Tinha 5 anos quando comecei a viajar sozinho com as minhas revistas.

Teve uma viagem que meu pai fez que durou meses e me senti muito sozinho. Acho que foi a primeira vez que achei companhia para a solidão em livros, no caso em revistinhas.

Agora… Não sei qual foi o primeiro livro de verdade que eu li. Lembro com muita intensidade de O Caso da Borboleta Atíria onde aprendi a palavra pernóstico. Também da Lúcia Machado de Almeida teve O Escaravelho do Diabo. Me senti um adulto lidando com uma história que envolvia algo tão perigoso quanto o Diabo!

Aliás por onde andará a Lúcia? Tem vários livros dela no Submarino, mas quase todos esgotados. Como a propriedade intelectual condena obras ao limbo…

E por falar em propriedade intelectual ouvi falar que é justamente por causa dela que Monteiro Lobato anda sumido das prateleiras; condenando umas duas gerações a não conhecê-lo. Espero ansioso que ele caia em domínio público (acho que faltam 10 anos errei, já está em domínio público) pois, mesmo com quase cem anos tenho certeza que muitas crianças ainda se apaixonariam por livros lendo sua obra.

Só que antes de Monteiro Lobato eu li uma série que desapareceu totalmente que se chamava Monitora ou algo bem parecido. Eram pequenos livros de ficção científica e foi com eles que me apaixonei definitivamente tanto pela leitura quanto pela ciência.

Felizmente hoje temos Harry Potter (que não gosto), Desventuras em Série de Lemony Snicket (pseudônimo), a brasileira Índigo, Tim Burton (O Triste Fim do Pequeno Menino Ostra) e, claro, Philip Pullman entre tantos outros que certamente alimentarão o imaginário e a paixão literária das crianças de hoje sem ficar devendo aos autores do passado.

Agradeço a Lilian Starobinas que foi onde descobri a blogagem coletiva.